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quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Os vinte e poucos anos na era da internet

(Helmut Leopold)

Ele tinha a mesma idade dela: vinte e poucos anos. Os dois eram sagitários, separados por apenas nove dias de nascimento e dois estados diferentes. Ele morava no Rio, ela em São Paulo. Parecia que estes dois seres estariam fadados a ter uma vida bem diferente uma do outro, que nunca iriam se completar, sequer se cruzar. Mas o destino, em conjunto com a vida, prega peças.

Eles se conheceram muito por acaso numa tarde de domingo. Fazia sol. O calor perturbava os dois e vários outros também. Muito sem querer, no início da tarde, ele e ela foram colocados lado a lado. Não exatamente lado a lado fisicamente, mas, digamos, no plano virtual. Realmente foi algo sem muita explicação. Talvez até houvesse alguma razão, mas para que motivo haveria de se ter para se justificar este encontro? Há coisas na vida que é melhor deixar rolar. Não explicar é a melhor decisão.

Dito e feito. Conversa vai, conversa vem, os dois ficam assustados. Ela, uma espécie de maníaca-obsessiva (no bom sentido) pelo esoterismo, horóscopo. Ele, que até bem pouco tempo não acreditava muito nos astros, acabou achando aquilo meio esquisito. A conversa perdurou por horas, mas para eles pareciam minutos. "Ele é o meu espelho", pensava ela. Ele, meio desconfiado, dizia: "Deve ser alguma pegadinha, não é?". Os dois se divertiam e iam descobrindo que tinham nascido um para o outro. Estavam certos disso. Os dois se completavam como feijão com arroz ou algo do gênero.

Até bem pouco atrás, ele estava morrendo por dentro por um amor não correspondido. Ele achava que nunca mais iria amar outra mulher. Já ela estava desacreditada na vida, principalmente nos homens. Na cabeça dela, não existia "essa história de príncipe encantado, de homem perfeito". Talvez o que aconteceu naquela singela tarde de domingo tenha feito com que ela repensasse a vida como um todo. E ele também. Uma mudança radical e inesperada. Ela caiu de pára-quedas na vida dele e vice-versa.

Para quem acha que esta história acabou algumas semanas ou meses depois, está enganado. O tempo, que é lento demais para os que esperam e rápido demais para os que temem, além de ser longo demais para os que sofrem e curto para os que celebram, não foi nada disso para os dois. Para os que amam, o tempo é eterno, não tem limites. Assim como a história deles não teve.

Afinal, em que ano estamos? A distância entre duas capitais, ainda mais sendo Rio e São Paulo, não é nada, ainda mais se tratando de jovens com muita vontade de viver a vida. Fernando Pessoa, em "A vida", escreveu que "embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu", e que, para os amores impossíveis, há tempo.

Acredite nos seus sonhos, acredite na vida. Quando tudo parece estar perdido, sempre existe um caminho, uma luz. Nada é tão ruim quanto parece. A vida nos ensina, principalmente nos momentos de tristeza e decepção. Abra os olhos, pois sua vida pode mudar a qualquer momento, de uma forma bem estranha e singular.

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